http://www.pazevida.org.br/estudos/4959-tudo-que-eu-pedir-ao-pai-com-fe-em-nome-de-jesus-irei-receber.html
E a resposta é: sem dúvida nenhuma! Mas
há casos em que os nossos pedidos colidem frontalmente com o querer do
Pai e, quando isto acontece, só nos resta escolher entre a frustração ou
a confiança na perfeita vontade de Deus que sempre sabe o que é melhor
para cada um de nós. E esta é a mais importante das lições que Jesus nos
deixou na prática. Veja só: Sua fé extraordinária lhe permitia obter
qualquer coisa que quisesse. Ele nem precisava orar. Bastava mandar e
pronto: mares enfurecidos eram acalmados; paralíticos saltavam de
alegria; mudos cantavam; carnes leprosas tornavam-se iguais às de
recém-nascidos; cegos passavam a enxergar como águias; espíritos maus
fugiam apavorados e mortos eram ressuscitados instantaneamente, ainda
que seus corpos já estivessem putrefeitos.
Querendo Ele, podia andar sobre as
águas, como se fossem terra firme. E, mesmo assim, houve uma ocasião em
que Jesus pediu três vezes a mesma coisa e, apesar de estremecer o Céu
com a intensidade da sua oração, Ele não foi atendido. Foi na Sua última
noite de vida. Angustiado até a morte, e consciente de todos os
horrores que lhe sobreviriam, Jesus vai tentar um último e insistente
apelo junto ao Pai, enquanto Judas, com um archote na mão, começa a
subir o monte, conduzindo uma nervosa trupe de seiscentos e sessenta e
seis pessoas. Acompanhe (Mateus 26:36-46):
“Então, chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos:
– Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar.
E levando consigo Pedro e os dois filhos
de Zebedeu, Tiago e João, começou a ter pavor, a entristecer-se e
angustiar-se muito. Então lhes disse:
– A minha alma está triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo.
E, indo um pouco adiante, cerca de um
tiro de pedra, pôs-se de joelhos e prostrou-se com o rosto em terra. E
orou para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora. Dizia:
“Aba, Pai, tudo Te é possível; Afasta de mim este cálice; todavia não
seja o que eu quero, mas o que Tu queres”. Há muito amor e súplica neste
início de oração: a palavra aramaica “Aba” era empregada pelas
criancinhas para chamar o pai com ternura, quando pediam algo muito
desejado. Envolve carinho e afeto e quer dizer Meu Papai. E desta vez Jesus não está levantando os olhos ao Céu, como
sempre fazia, fosse para multiplicar os pães, para dar ouvidos a um
surdo ou para ressuscitar Lázaro. Seu apelo é tão intenso, que Ele se
lançou aos Pés do Pai, com o rosto em terra. É a primeira e única vez
que as testemunhas citam que Jesus orou nesta posição. E esta sua
postura torna-se ainda mais dramática quando sabemos que, na Parábola do
Fariseu e do Publicano, Ele mesmo deu a entender que orar sem olhar
para o Céu é sinal de vergonha: “Mas o publicano, estando em pé
de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao Céu, mas batia no
peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, o pecador!” (Lucas 18:13).
Ali está um homem que não tem do que se
envergonhar, porque nunca se achou nenhum engano na sua boca. Contudo,
em suas últimas quinze horas de vida, Ele se posiciona abaixo de um
publicano, porque não ora nem em pé, mas arqueia-se até colocar a fronte
no chão e a boca no pó da terra. Mas por que o dilema? O que o impede
de evitar o cálice por conta própria? Por que não se levanta e vai
embora, antes que Judas chegue com os guardas? Afinal, ele tem trinta e
três anos! É um homem feito, dono de vontade própria! Pode resolver
sozinho este problema sem depender de Deus: é só descer o monte pelo
lado oposto e jamais o prenderão! Por que esta angústia?
Jesus sabe, há tempos, que foi escolhido
como o Cordeiro daquela próxima Páscoa! A sua morte já foi decretada
“desde a fundação do mundo” (I Pedro 1:20 e Apocalipse 13:8). Ele é a
semente da mulher que esmagará a cabeça da serpente, mas terá o seu
calcanhar ferido (Gênesis 3:15). Ele é o Cordeiro oferecido no lugar de
Isaque, provido por Deus (Gênesis 22:8). Ele foi representado na
primeira Páscoa, através do cordeiro sem mácula cujo sangue foi
espargido no madeiro das portas das casas (Êxodo 12:7). Desde aquela
época, cerca de 1450 a.C., Deus havia colocado o seguinte meio para
perdão do pecado: “É o sangue que fará expiação em virtude da vida”
(Levítico 17:11b). Por isso escolhia-se um cordeiro perfeito, sem
defeito e sem mancha, representando a inocência e a pureza, e o animal
era sacrificado em favor do pecador.
Mas este sacrifício era incompleto,
porque o cordeiro tomava o lugar do pecador somente no derramamento de
sangue. O animal jamais poderia substituir o homem como ser humano.
Enquanto os cordeiros das Páscoas anteriores, irracionais, nem sabiam
porque morriam, Jesus, o mais puro e perfeito de todos os humanos, sem
nenhuma mácula na sua reputação, sabe como ninguém o que está prestes a
sofrer e por quê. Ele já havia dito: “O Filho do Homem não veio para ser
servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos”
(Marcos 10:45).
Também naquela última semana, enquanto
caminhava para Jerusalém, Ele disse aos seus discípulos: “Eis que
subimos a Jerusalém e o Filho do Homem será entregue aos principais
sacerdotes e aos escribas. E eles o condenarão à morte. E o entregarão
aos gentios para que dele escarneçam, açoitem e o crucifiquem. Mas ao
terceiro dia ressuscitará” (Mateus 20:18-19). Aquele momento não o pegou
de surpresa. Mas, perfeitamente humano, ele não esconde o seu pavor e
angústia. Não tenta passar a imagem de um super-homem ou de um mártir
destemido. Transparecem nEle todas as hesitações e contradições que
somente nós, seres humanos, possuímos. Ainda que saiba que vai
ressuscitar ao terceiro dia, sente pavor como qualquer pessoa. E quem
não sentiria? Se alguém marcasse uma hora certa para cravar enormes
pregos enferrujados em cada uma das suas mãos e pés, mesmo sabendo que
ressuscitaria depois, você não sentiria angústia e pavor à medida que
aquela hora se aproximasse?
Jesus sabe que é chegada a sua hora e
sente o peso dessa nossa contradição. Por isso disse: “Agora a minha
alma está perturbada. E que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas para
isto vim a esta hora” (João 12:27). Jesus veio a este mundo para
assumir definitivamente o lugar do cordeiro inocente e “aniquilar o
pecado pelo sacrifício de si mesmo” (Hebreus 9:26). Mas aquilo que era
plano de Deus agora pode ou não se realizar na prática. Ele não está
sendo coagido. Tem o livre-arbítrio e a opção de fazer a sua vontade ou a
do Pai. Enquanto vive o conflito íntimo e desesperador de uma decisão
particular, que pode decidir o seu próprio futuro e o de bilhões de
outras pessoas, Jesus, sozinho no Getsêmani, começa a sentir o peso dos
pecados da Humanidade passada, presente e futura. Desde o culpado pelo
derramamento do sangue de Abel até os pecados da última geração que
viver neste planeta. Por isso Ele está arqueado! Quem poderia suportar
tamanha carga? Neste apelo, após chamar Deus de “Meu Paizinho”, o humano Jesus invocou a máxima de que “tudo é possível para Deus”. E fez o seu pedido com muita fé: “Afasta de mim este cálice”. Enquanto
o seu pedido ecoa no Céu, o silêncio do Pai é um claro e terrível
indício de que Ele não será atendido: “E, voltando para os discípulos,
achou-os dormindo.
E disse a Pedro:
– Simão, dormes? Então, nem uma hora
pudestes vigiar comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação.
O espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.
Retirando-se mais uma vez, orou, dizendo:
– Pai, se queres, afasta de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a Tua.
E, voltando, achou-os outra vez dormindo, porque seus olhos estavam carregados. E disse-lhes:
– Por que estais dormindo?
E não sabiam o que lhe responder.
– Levantai-vos e orai, para que não
entreis em tentação”. (Jesus sente um profundo vazio e solidão: não está
sendo atendido pelo Pai e nem ouvido pelos filhos. Jesus anda de um
lado para o outro, e apela mais uma vez).
“Deixando-os novamente, foi orar
terceira vez, repetindo as mesmas palavras. Então lhe apareceu um anjo
do Céu, que o confortava. E, posto em agonia, orava mais intensamente:
– Pai meu, se este cálice não pode passar sem que eu o beba, faça-se a Tua vontade.
E o seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que corriam até o chão”.
O seu cálice começou a encher naquela
hora, com o suor abundante sendo transformado em grandes gotas de
sangue, que corriam até o chão. A medicina explica este fenômeno como
hematidrose. Ocorre quando uma pessoa é submetida a uma pressão
emocional insuportável: os microvasos capilares se rompem e o sangue se
mistura ao suor do aflito. No caso de Jesus, a pressão nos vasos
sanguíneos é agravada pela posição em que se encontra: com a testa
apoiada no chão, uma grande quantidade de sangue desceu para a cabeça.
Sob forte emoção, diante de uma tragédia pessoal há muito anunciada,
seus batimentos cardíacos se aceleram, o que aumenta a pressão nas
paredes arteriais dos seus finíssimos vasos capilares. Só de pensar no
que irá passar, as veias das têmporas e do couro cabeludo se dilatam. Os
microvasos não resistem e se rompem. O Sangue do Cordeiro começa a se
misturar ao suor que, tingido de vermelho, parece grandes gotas de
sangue.
E aqui há um maravilhoso paralelo: Deus foi a primeira Pessoa no Universo a pronunciar a palavra suor.
Naquela ocasião, no Jardim do Éden, o SENHOR associou esta palavra ao
pecado, maldição, sofrimento e morte, devido à desobediência humana:
“Maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias
da tua vida. Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do
campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à
terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás”
(Gênesis 3:17b-19).
Agora, de novo em um Jardim, o suor mais
uma vez ressurge associado ao pecado, maldição, sofrimento e morte.
Sim, por causa da queda humana, Jesus sabe que, se for em frente,
passará por maldito, “porque está escrito: Maldito todo aquele que for
pendurado no madeiro” (Gálatas 3:13, Deuteronômio 21:23). Também passará
por grande sofrimento e provará a morte. Porém, enquanto o primeiro
Adão, imperfeito, desobedeceu e pecou, o Último Adão tomou a decisão de
se sujeitar inteiramente à vontade do Pai.
E, assim, associou o suor eternamente
à Bênção, à Paz e à Vida. A hematidrose de Cristo demonstrou, com toda
dramaticidade, que Ele veio desfazer a maldição do pecado e eliminar
todo sofrimento e morte. A sujeição voluntária à vontade do Pai, por
confiar que ela é sempre boa e perfeita, associada à salvação da raça
humana, fazem Jesus se levantar e avançar na direção de seus algozes.
Pecado é não crer nisto. Por isso Ele disse: “E quando o Espírito Santo
vier, convencerá o Mundo do pecado[...] porque não creem em Mim” (João
16:8-9). Diante da impossibilidade de atender ao seu pedido, Deus enviou
um anjo do Céu para confortá-lO.
A sua oração foi ouvida sim, mas não
será atendida. O sacrifício é inevitável e insubstituível. Se existisse a
menor possibilidade de alguém ser salvo por outro meio ou pessoa, Jesus
não precisaria beber aquele cálice amargo. O anjo deve ter-lhe dito:
“Senhor, o Teu clamor encheu o Céu. Todos os anjos, arcanjos, querubins e
serafins estão chorando. Não há outro meio: Tu és o Único Salvador da
Humanidade”.
“Depois, levantando-se da oração, veio para os seus discípulos e achou-os dormindo de tristeza. E disse-lhes:
– Dormi agora e descansai. Eis que é
chegada a hora e o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos dos
pecadores. Levantai-vos, vamo-nos. Eis que é chegado aquele que me
trai”.
E, resolutamente, caminha ao encontro de
Judas e dos guardas. Vai se entregar por nós. Não como um criminoso
impotente, que não vê outra saída. Porque os guardas, ao perguntarem
sobre Jesus, caem por terra diante dEle. Pacientemente, Ele esperará os
guardas se levantarem para se “render”. Faz isto porque é da vontade do
Pai. Quando Pedro reage à sua prisão e fere Malco com a sua espada,
Jesus o manda guardar a arma e diz: “Não hei de beber o cálice que o Pai
me deu?” (João 18:11). Ainda que o cálice seja amargo como fel, Jesus
entrega-se totalmente à vontade de Deus, sem reclamar ou blasfemar
porque confia que é o melhor para Si e para todos.
E, assim, o que parecia um grande
fracasso transformou-se na maior vitória de todos os tempos! Se
analisarmos melhor as três orações de Jesus no Getsêmani, veremos que,
afinal, a sua petição foi atendida. Nas três vezes Ele pediu: Não se faça a minha vontade, mas a Tua. Nele,
a vontade do Pai cumpriu-se totalmente e, assim, fez do Pai Nosso a sua
mais sublime oração: santificou o Nome do Pai que está no Céu,
trabalhou para que o Seu Reino fosse implantado entre nós e fez a Sua
vontade assim na Terra como no Céu. Entregou-se como o Pão nosso de cada
dia e, na cruz, perdoou todas as nossas dívidas. Não caiu na tentação
de fugir do sacrifício e livrou-nos de todo mal. Por isso confirmou o
Reino, o Poder e a Glória para todo o sempre, amém!
Este episódio da vida de Jesus nos
ensina claramente que nem sempre o que nós pedimos é da vontade de Deus.
Fazemos, muitas vezes, pedidos egoístas, supérfluos e até infantis.
Como crianças, fazemos beicinho para o nosso Pai e até nos revoltamos
porque Ele parece não entender o que queremos, quando somos nós que não
entendemos que Deus, como Pai Perfeito, sempre quer o melhor para os
seus filhos (Mateus 7:11). Filhos costumam manipular os pais, mas não
podemos agir assim com Deus. Quando pedimos coisas sem levar em conta a
Sua perfeita vontade, invertemos os papéis: ao invés de querermos que a
Sua vontade seja feita, queremos que Ele sempre faça a nossa vontade. E
nem sempre pedimos bem.
Olhe para si mesmo: quantas coisas você
desejou ardentemente no passado e, se as tivesse conseguido, que
tragédia ou atraso de vida não teriam sido? Sem que você se desse conta,
ou Lhe pedisse, o Pai já lhe deu grandes livramentos e ajudas! Confesso
que já tomei muitas decisões equivocadas e, várias vezes, reclamei dos
resultados, como se Ele fosse o responsável pelos acontecimentos que eu
mesmo gerei. Também fiquei insistindo em coisas que julgava
importantíssimas e, intimamente, não entendia por que Ele não me dava.
Hoje eu reconheço que, na verdade, Ele tinha me atendido, evitando
coisas que só iriam me prejudicar. Ele sempre interagiu para me tirar do
sufoco, mesmo quando o Seu silêncio parecia falta de resposta. Assim
como você, também estou aprendendo a interagir com Deus, e a parte mais
difícil é curvar o meu espírito no Getsêmani até fazer a Sua vontade.
O apóstolo João, que durante três anos
aprendeu os mais fantásticos segredos de Jesus, escreveu o seguinte: “E
esta é a confiança que temos nEle: que, se pedirmos alguma coisa,
segundo a Sua Vontade, Ele nos ouve” (I João 5:14). O sucesso de Jesus
sempre esteve ligado a esta Sua declaração: “Porque eu desci do Céu, não
para fazer a minha vontade, mas a vontade Daquele que me enviou” (João
6:38). Jesus, se quisesse, poderia sempre fazer a sua própria vontade.
Condições para isto nunca Lhe faltaram. Mas Ele sabia que, se fizesse a
Vontade do Pai, estaria escolhendo sempre o melhor para a Sua vida. Peça
ao Pai, com fé, em Nome de Jesus, segundo a Sua perfeita vontade. E
tenha a certeza de que, quando Ele lhe negar alguma coisa é porque tem
algo melhor preparado.
Por Juanribe Pagliarin
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