Salmo 32 Felicidade

Salmo 32 Felicidade



O perdão divino ocorre quando o pecado é coberto, ou seja, a natureza
pecaminosa é enterrada. A justiça de Deus deve ser satisfeita para que
ocorra o ‘perdão’. A alma que pecar, morrerá ( Ez 18:4 ), visto que a
pena não pode passar da pessoa do transgressor. Lembre-se que Deus
jamais declarará o ímpio justo “... porque não justificarei o ímpio” ( Ex 23:7 ).




Lembrando que a poesia hebraica trabalha e valoriza as ideias através
de um recurso específico denominado 'paralelismo', uma espécie de rima
de pensamento, resta que na poesia hebraica quase inexiste ritmo e rima.



Como as ideias caracterizam as poesias hebraicas, ao analisá-las,
convém buscar a ideia principal que o escritor buscou evidenciar.



No salmo 32 o salmista destaca a felicidade pertinente aos que são
perdoados por Deus, porém, não menos importante, aponta como se dá a
justiça divina.



Por exemplo: no verso 1 o salmista apresenta as pessoas que são alvo
do favor divino, e no verso 2, temos aqueles que já foram agraciados por
Deus.



O discurso de Cristo no Sermão do monte não é diferente, pois
apresenta aqueles que carecem do favor divino (pobres de espírito,
tristes), e depois, apresenta aqueles que já foram agraciados (mansos,
pacificadores, etc).



A mensagem do salmista guarda relação intima com a mensagem do
profeta Isaías e a mensagem do Cristo, portanto, em muitos aspectos este
salmo é uma profecia, pois aponta para a vida, obra e ministério de
Cristo ( 1Cr 25:1 ; At 2:29 -31), mas daremos ênfase a obra maravilhosa
que Deus realiza naqueles que n’Ele se refugiam.







“BEM-AVENTURADO aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto”
O salmista Davi anuncia, neste cântico, que a felicidade é
proveniente do perdão divino. Qualquer que tiver o pecado ‘coberto’ é
feliz, ditoso, bem-aventurado.



Esta felicidade também foi anunciada por Cristo no Sermão do Monte e
pertence aos pobres de espírito, os oprimidos, os cansados, os tristes e
sedentos ( Mt 5:3 -12).



Qual transgressão perdoada traz bem-aventurança? Que pecado coberto traz perpetua felicidade?



O salmista Davi sabia o que é pecado ( Sl 51:3 ), pois reconhecia que
o seu pecado era diretamente contra Deus ( Sl 51:4 ), e a procedência
do seu pecado ( Sl 51:5 ).



Diferente de muitos em Israel, o salmista sabia que o seu pecado
decorria do seu primeiro Pai, Adão ( Is 43:27 ; Sl 51:5 ; Sl 58:3 ), e
as suas previsões não prevaricam quanto a demonstrar qual a origem da
transgressão dos homens.



O homem pecou porque não deu credito a palavra de Deus que
estabeleceu uma lei (heb. ‘pesha’), visto que tomou e comeu da árvore do
conhecimento do bem e do mal ( Gn 3:11 ). Adão transgrediu ao dar
crédito à palavra de engano proveniente do tentador ( Gn 3:4 ). Em Adão
toda humanidade pecou porque ele desprezou a palavra de Deus ( Rm 3:23
).



O homem após errar o alvo (heb. ‘hatã’ã’) deixou de viver ‘em verdade
e em justiça’ e passou a viver ‘em pecado’. A ‘transgressão’ da
humanidade refere-se à desobediência de Adão, e o ‘pecado’ refere-se a
natureza decaída decorrente da penalidade imposta à transgressão
(morte).



O perdão divino ocorre quando o pecado é coberto, ou seja, a natureza
pecaminosa é enterrada. A justiça de Deus deve ser satisfeita para que
ocorra o ‘perdão’. A alma que pecar, morrerá ( Ez 18:4 ), visto que a
pena não pode passar da pessoa do transgressor. Lembre-se que Deus
jamais declarará o ímpio justo “... porque não justificarei o ímpio” ( Ex 23:7 ).



Quando o homem gerado segundo Adão recebe a circuncisão do coração, a
justiça divina é satisfeita: o velho homem gerado segundo a carne de
Adão morre e é sepultado. O ‘pecado’ (natureza) é ‘coberto’ no despojar
do corpo da carne ( Cl 2:11 ), ocorrendo o perdão de todos os delitos e
pecados “E a vós outros que estáveis mortos
nos vossos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou
juntamente com ele, perdoando-nos todos os nossos delitos”
( Cl 2:13 ).







“Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não imputa maldade, e em cujo espírito não há engano”
O homem feliz que o Senhor não imputa maldade, e cujo espírito não há
engano é aquele que, ao ser ‘vivificado’ com Cristo, recebe um novo
coração e um novo espírito ( Sl 51:10 ; Cl 2:13 ). Somente o novo homem
(a nova criatura) que o Senhor cria (Bara) segundo a sua palavra
(semente incorruptível) possui um novo coração e um novo espírito ( Ez
36:25 -27), onde habita a Paz e a Justiça ( Is 57:15 ).



Sobre aqueles que foram perdoados ( heb. ‘nãsã, literalmente ‘levar
embora’ 1Pe 2:24 ), o Senhor não imputa maldade. Aqueles que morreram e
foram sepultados com Cristo (coberto) deixam a condição de ‘engano’,
‘mentira’ ( Rm 3:4 ), e passam a estar na verdade ( 1Jo 5:20 ).



No coração e no espírito do homem bem-aventurado não há ‘dolo’,
‘engano’, ‘mentira’, pois foi criado segundo Deus em verdadeira justiça e
santidade ( Ef 4:24 ; 1Pe 1:3 e 1Pe 1:23 ).



Cristo é o homem bem-aventurado, pois jamais se assentou com o ímpio,
ou andou na roda dos escarnecedores ( Sl 1:1). Cristo é o varão que
Deus não imputou maldade e, cujo coração era manso e humilde (v. 2).
Como ele falava às palavras que o Pai mandou, isto significa que o seu
coração era verdadeiro, pois a boca fala do que há em abundancia no
coração ( Jo 14:10 ; Jo 1:14 ; Jo 1:17 ; Mt 12:34 ).







“Quando
eu guardei silêncio, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em
todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu
humor se tornou em sequidão de estio” (Selá.)
‘Guardar silêncio’ é o mesmo que não ‘confessar’, ‘admitir’ ( Sl 32:5
). A confissão decorre de um reconhecimento, e neste caso específico,
reconhecer:



  • Atual condição ( Sl 51:3 );
  • Que Deus é justo e puro ( Sl 51:4 );
  • Que Deus não tem o culpado por inocente ( Ex 34:7 );
  • A origem do pecado ( Sl 51:5 );
  • A misericórdia de Deus ( Sl 51:1 ), e;
  • Que só Deus lava e purifica ( Sl 51:2 ).
A confissão do salmista não tem por base seus erros comportamentais.
Ele também não se ‘confessa’ a outro homem, que é sujeito aos mesmos
erros e paixões. Ele reconheceu a sua condição diante d’Aquele que
‘quebrou os seus ossos’ ( Sl 51:8 ).



Ora, ‘ossos quebrados’ aponta para a condição de pecado do homem,
visto que contrasta com a condição do Messias, que por ser isento de
pecado, acerca d’Ele foi anunciado que nenhum dos seus ossos seria
quebrado. Literalmente os ossos de Cristo não foram quebrados, e
figuradamente os ossos de Davi foram quebrados ( Sl 51:8 ; Sl 34:20 ).



O sábio Salomão compara ossos enfermos com espírito abatido ( Pv
17:22 ). Quando o salmista anuncia que Deus ‘quebrou os seus ossos’, ou
que ‘os seus ossos envelheceram’, ele reconhece a sua condição miserável
e assume a condição de ‘pobre de espírito’, ‘triste=espírito abatido’,
alvo da bem-aventurança prometida por Deus ( Mt 5:3 -10).



Lembre-se que na antiguidade um osso quebrado lançava o homem em
profunda tristeza, pois não dispunham dos meios e conhecimentos de cura.



A consciência de pecado (o peso da mão do Senhor) deixou o salmista
em profunda tristeza (envelhecer os ossos) ( Ez 37:11 ; Sl 31:10 ). Ao
reconhecer a sua condição miserável, o salmista alcançou misericórdia,
pois diante do Senhor os ‘tristes’ são bem-aventurados "Porque
a minha vida está gasta de tristeza, e os meus anos de suspiros; a
minha força descai por causa da minha iniquidade, e os meus ossos se
consomem"
( Sl 31:10 ; Is 57:15 ; Mt 5:4 ; Sl 34:18 ; Is 61:1 ).







“Confessei-te
o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Dizia eu: Confessarei ao
SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado”
(Selá.)
Conhecendo as suas transgress&ot




ilde;es e o seu pecado ( Sl 51:3 ), o salmista nada fez (a minha
maldade não encobri), antes socorreu-se do Senhor, aquele que tem poder
para cobrir pecado ( Sl 32:1 ).



Tentar ‘cobrir’ pecado através de suas próprias forças é violência diante de Deus "As
suas teias não prestam para vestes nem se poderão cobrir com as suas
obras; as suas obras são obras de iniqüidade, e obra de violência há nas
suas mãos"
( Is 59:6 ; Sl 10:18 ).



Aqueles que se apegam às suas obras na intenção de se salvarem
vestem-se de violência ( Sl 73:6 ), as imposições dos príncipes
(mestres) do povo em Israel era violência diante de Deus "Assim
diz o Senhor DEUS: Basta já, ó príncipes de Israel; afastai a violência
e a assolação e praticai juízo e justiça; tirai as vossas imposições do
meu povo, diz o Senhor DEUS"
( Ez 45:9 ).



Confessar o pecado é o mesmo que reconhecer a justiça e o juízo de
Deus ( Sl 51:4 ). Se o salmista não admitisse (confessasse) a sua
condição (pecado), ou tentasse justificar-se através de suas obras,
estaria chamando Deus de mentiroso e não estaria na verdade ( 1Jo 1:8 ).







“Por
isso, todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar; até
no transbordar de muitas águas, estas não lhe chegarão”
Todo aquele que confia no Senhor é santo, pois só oram a Deus os que confiam. A oração dos santos é expressão de confiança.



Aquele que confia no Senhor encontra salvação, pois hoje é o dia sobremodo aceitável. Hoje é o dia de salvação "Cheguemos,
pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar
misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno"
( Hb 4:16 ).



Basta clamar que Deus ouvirá: "EIS que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir" ( Is 59:1 ).







“Tu és o lugar em que me escondo; tu me preservas da angústia; tu me cinges de alegres cantos de livramento” (Selá.)
O Senhor é o alto refúgio que preserva os seus servos da angustia.



Diferente dos que se cingem de obras de violência, os que esperam no Senhor são cingidos da justiça que vem do alto.



O verdadeiro louvor é proveniente da obra de redenção que Deus
realiza ( Ef 1:12 ). A alegria expressa no canto do salmista é
proveniente das vestes de justiça que o Senhor preparou.



Além de se aplicar aos servos de Deus, o salmo aplica-se a pessoa de
Cristo, visto que em suas previsões o salmista, pelo Espírito, faz
referencia ao seu Senhor que se fez carne como sendo aquele que se
refugiaria à sombra do Onipotente, seria preservado na angustia e, por
fim, seria revestido da sua glória ( At 2:30 -31; Sl 91:1 ).







“Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos”
O senhor quer instruir e ensinar aos homens o caminho que devem
seguir. O cuidado do Senhor há de guiar os que se deixam instruir, pois
os olhos do Senhor estão sobre os justos ( Sl 34:15 ). Deus ouve os
justos quando clamam ( Sl 34:17 ), pois Ele mora com os abatidos e
contritos de espírito ( Sl 34:18 e Is 57:15 ).



Qual o caminho do Senhor? O caminho do Senhor é Cristo, pois Ele é
conhecido pelo Senhor ( Sl 1:6 ; Sl 118:20 ). Qualquer que crê em Cristo
passa a conhecer (união íntima) a Deus, ou antes, é conhecido d’Ele (
Gl 4:9 ).



Não podemos equecer que, este salmo em muitos aspectos aplica-se a
Cristo, pois entre os homens o Verbo encarnado haveria de ser instruído
pelo Pai ( Is 50:4 -5).







“Não
sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja
boca precisa de cabresto e freio para que não se cheguem a ti”
O senhor exorta para que o homem se deixe instruir. Aquele que não
tem o temor (palavra) do Senhor é falto de entendimento e se assemelham
aos animais "Vinde, meninos, ouvi-me; eu vos ensinarei o temor do SENHOR" ( Sl 34:11 ).



Qualquer que ouve a palavra do Senhor é como um menino ( Sl 86:11 ).
Qualquer que teme da sua palavra é santo diante d’Ele ( Sl 34:9 ).



“... cuja boca precisa de cabresto e freio, ou não virão a ti”
( Sl 32:9 ). Deus convida à salvação, pois trata com os homens em amor,
e onde está o amor há liberdade. A instrução, o ensino e o olhar
(cuidado) do Senhor destinam-se aos de entendimento ( Rm 10:1), pois
jamais usará de coerção, para fazer com que suas criaturas cheguem-se a
si ( Jó 37:23 ). A coerção é apropriada para os animais irracionais.







“O ímpio tem muitas dores, mas àquele que confia no SENHOR a misericórdia o cercará”
Quem são os ímpios? Como surgem? Ora, desde a madre os ímpios
alienaram-se de Deus e, desde que nascem trilham o caminho de erro e
proferem mentiras ( Sl 58:3 ).



Todos os homens gerados segundo Adão foram destituídos da glória de
Deus. Desde que nascem estão alienados de Deus, pois entraram por uma
porta larga e seguem por um caminho espaçoso de perdição ( Mt 7:13 ).



O que diferencia os ímpios dos justos é a confiança que depositam em
Deus, pois ao crer naquele que é fiel à sua palavra, o homem entra pela
porta estreita que é Cristo e deixa de ser ímpio ( Sl 118:20 ).



As dores dos ímpios são certas, pois desprezam a instrução do Senhor.
Qualquer que confiar n’Aquele que instrui o caminho que deve seguir (
Sl 32:8 ), será alcançado pela misericórdia do Senhor.



O ímpio não se deixa instruir, pois não ouve a palavra do Senhor.
Além das muitas dores beberá do cálice da ira do Senhor, pois entesouram
ira para o dia que se revelará o juízo de Deus que foi estabelecido no
Éden ( Rm 2:5 ).



A promessa de Deus para os que confiam é uma sebe (cerca, proteção) de misericórdia.







“Alegrai-vos no SENHOR, e regozijai-vos, vós os justos; e cantai alegremente, todos vós que sois retos de coração”
Quando as Escrituras ordenam o homem alegrar-se no Senhor é o mesmo que ordenar a confiar na salvação do Altíssimo "Porém
alegrem-se todos os que confiam em ti; exultem eternamente, porquanto
tu os defendes; e em ti se gloriem os que amam o teu nome"
( Sl 5:11 ).



Aquele que se alegra no Senhor é porque confia, ou seja, aquele que confia é o que se alegra no Senhor.



No Verso 1 do salmo 21 ocorre o que se denomina na poesia hebraica de paralelismo: “O Rei confia em tua salvação, ó Senhor, e na tua salvação grandemente se regozija”
( Sl 21:1 ). Quando o homem repousa (confia) na salvação do Senhor, e
da salvação de Deus que deriva a alegria, o regozijo, portanto, qualquer
que se alegra no Senhor é porque experimentou a salvação de Deus.



Aquele que confia se alegra, pois alcançou salvação. Após alcançar
salvação o homem é declarado justo perante o Senhor e, aqueles que
alcançaram salvação regozijam perante o Senhor.



Os que se regozijam no Senhor são bem-aventurados, pois são retos de coração ( Sl 51:10 ).



Diferente são os ímpios, pois confiam em suas próprias ‘riquezas’, ou seja, alegra-se do nada e rejeitam ao Senhor "Vós que vos alegrais do nada, vós que dizeis: Não é assim que por nossa própria força nos temos tornado poderosos?" ( Am 6:13 ; Sl 21:1 ).



‘Alegrar’ nos Salmos geralmente é o mesmo que ‘confiar’ em Deus, pois a alegria do Senhor é a nossa força (salvação) "... portanto não vos entristeçais; porque a alegria do SENHOR é a vossa força" ( Ne 8:10 ). Os retos de coração cantam alegremente, pois confiam no Senhor, o Autor da Salvação.

Comentários