ESCOLA DOMINICAL CPAD - Conteúdo da Lição 10 - Revista da CPAD - ADULTOS
Deveres Civis, Morais e Espirituais
5 de Junho de 2016
TEXTO ÁUREO
“Toda alma esteja sujeita às
autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e
as autoridades que há foram ordenadas por Deus” Rm 13.1.
VERDADE PRÁTICA
Diante da sociedade, o crente tem deveres civis, morais e espirituais.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Romanos 13.1-8.
1 — Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há
autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram
ordenadas por Deus.
2 — Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.
3 — Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as
más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor
dela.
4 — Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal,
teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus e
vingador para castigar o que faz o mal.
5 — Portanto, é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência.
6 — Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo.
7 — Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a
quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.
8 — A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei.
Na lição de hoje estudaremos o capítulo 13 da Epístola aos Romanos.
Paulo trata neste capítulo a respeito da relação dos crentes com as
autoridades. Viver pela fé na justiça de Deus implica obedecer às leis,
as autoridades governamentais, pagar impostos e seguir as regras e
normas estabelecidas, demonstrando então que somos uma nova criatura. A
submissão do crente às autoridades revela seu amor e sua obediência às
leis de Deus.
I. DEVERES CIVIS (Rm 13.1-7)
1. A natureza do Estado.
O apóstolo Paulo parte do princípio de que toda autoridade é constituída
por Deus. [...] “Não há potestade que não venha de Deus; e as
potestades que há foram ordenadas por Deus” (Rm 13.1 — ACRF). A tradução
Almeida Corrigida Revisada Fiel usada aqui deixa ambíguo o sentido
desse texto ao usar a palavra potestade em vez de autoridade. O termo
potestade dá uma conotação de que a referência seja a seres espirituais.
Todavia, o termo exousia (autoridade), que ocorre 102 vezes em o Novo
Testamento grego, quatro vezes neste capítulo, possui o sentido, nesse
contexto, de governantes civis. A referência, portanto, diz respeito às
autoridades civis, quer locais, quer nacionais. O princípio da
autoridade constituída, ou delegada, vem de Deus, e por isso o crente
tem o dever de se submeter a ela. Esse princípio é fartamente
documentado no Antigo Testamento, onde é mostrado que nenhum governante
exerce autoridade fora do domínio de Deus (Pv 8.15,16; Dn 2.21; Is
45.1-7).
2. O propósito do Estado.
A natureza espiritual de um governo civil está no princípio da
autoridade a ele delegada. O propósito da sujeição do crente à
autoridade constituída, segundo Paulo, é especificado em Romanos 13.3,4.
A razão dada é a promoção do bem e a punição do mal por parte da
autoridade. Em outras palavras, a manutenção da ordem. Sem obediência a
autoridade corre-se o risco de se cair numa anarquia. É por isso que o
apóstolo diz que o governo é ministro de Deus para a promoção do bem
comum, bem como para frear o mal. A palavra ministro, no grego, é
diáconos, vocábulo que mostra o princípio divino por trás do governo
humano. São ministros a serviço de Deus, mesmo que sejam governantes
pagãos, como, por exemplo, os imperadores Ciro e Nabucodonosor (Is 45.1;
Dn 4.17).
O princípio bíblico em relação às autoridades é que o cristão as
respeite e as honre (Rm 13.7). A desobediência civil só se justifica no
caso de conflito entre a lei humana e a divina (At 5.29). No caso de
governos que decretam leis injustas e estados totalitários que privam o
exercício da fé, o cristão, em razão da sua consciência para com Deus,
deve moldar-se pela Palavra de Deus, para isso, estando disposto a
assumir todas as consequências de seus atos.
3. A igreja e o Estado.
Paulo mostra que a sujeição por parte dos cristãos às autoridades
deve-se primeiramente por razões de obediência. Nesse caso o crente deve
submeter-se ao poder coercitivo da lei, pagando impostos e tributos. É
interessante notar que Paulo fala de dois tipos de tributos nesse
capítulo, phoros e telos. O primeiro termo é uma referência aos impostos
diretos enquanto a segunda aos indiretos. Paulo aconselhou os crentes a
cumprirem seus deveres pagando seus impostos (Mt 22.21). Mas havia uma
razão a mais para a submissão à autoridade — a consciência do crente. O
crente não deveria se sujeitar a autoridade simplesmente por medo da
lei, mas por uma questão de consciência diante de Deus.
1. A dívida que todos devem ter.
O apóstolo reconhece os deveres do cristão em relação ao Estado, e
aconselhou a não ficarem em débito com ninguém: “A ninguém devais coisa
alguma [...]” (Rm 13.8). Em palavras atuais, significa que o crente deve
ter o “nome limpo na praça”. Por outro lado, Paulo reconhece outra
natureza de dívida, esta não negativa, mas positiva para o crente. A
dívida do amor. Não podemos dever nada a ninguém, exceto “o amor com que
vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei” (Rm
13.8). Orígenes, um dos pais da igreja antiga, dizia que “a dívida de
amar é permanente e nunca a saldamos; por isso devemos pagá-la
diariamente, e sem dúvida, continuaremos devendo”. Amar o semelhante é
uma obrigação moral que temos para com a raça humana.
2. A segunda tábua da lei.
Paulo havia falado muito sobre a Lei nos capítulos anteriores, e aqui
novamente ele volta a citá-la: [...] “quem ama aos outros cumpriu a lei”
(Rm 13.8). A lei dada a Moisés no Sinai foi escrita em duas tábuas (Êx
34.1). Os quatro primeiros mandamentos enfatizam o relacionamento
vertical, isto é, entre Deus e os homens: Não ter deuses estranhos; não
fazer imagens; não profanar o nome de Deus e guardar o sábado. Por outro
lado, os outros seis mandamentos são horizontais, isto é, enfocam o
relacionamento entre as pessoas: Honrar os pais; não matar; não
adulterar; não furtar; não dar falso testemunho e não cobiçar. O
interesse do apóstolo pelas relações interpessoais fica claro quando ele
cita, em Romanos 13, esses mandamentos: “Com efeito: Não adulterarás,
não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás
[...]” (Rm 13.9).
3. O segundo grande mandamento.
Paulo reforça o seu argumento sobre a lei do amor citando Levítico
19.18. Ele conclui dizendo que “o cumprimento da lei é o amor” (Rm
13.10). O mandamento do amor sintetiza todos os outros preceitos que
promovem as relações (Rm 13.9).
III. DEVERES ESPIRITUAIS (Rm 13.11-14)
1. Consciência escatológica (v.11).
Encabeçando a lista dos deveres de natureza espiritual, Paulo apresenta
um de natureza escatológica: “E isto digo, conhecendo o tempo, que é já
hora de despertarmos do sono [...]” (Rm 13.11). A palavra tempo, aqui,
traduz o termo grego kairós, que significa tempo oportuno. Para o
apóstolo, a vinda de Jesus era uma realidade sempre presente na vida do
crente.
2. Consciênia da salvação e do Espírito Santo (vv.11,14).
Nos dois últimos versículos de Romanos 13, observamos que há a
necessidade de uma consciência que seja soteriológica e pneumatológica
(Rm 13.11). A referência direta ao Salvador está na palavra salvação e a
referência indireta ao Espírito Santo está na frase: [...] “E não
tenhais cuidado da carne em suas concupiscências” (Rm 13.14). É o
Espírito quem produz o fruto na vida do crente de forma que este possa
vencer as concupiscências da carne (Gl 5.19-22). Cabe ao cristão andar
no Espírito para não satisfazer os desejos da carne.
CONCLUSÃO
Nesta lição, vimos as responsabilidades que o cristão deve assumir,
tanto no convívio social como espiritual. Como ser social, temos deveres
para com o Estado. Devemos respeitar a ordem estabelecida. Todavia,
como ser moral e espiritual temos deveres para com o outro. Não somos
apenas cidadão do céu (Fp 3.20), somos também cidadãos da Terra. Devemos
investir nos relacionamentos horizontais, mantendo sempre em mente que o
salvo em Cristo não é uma ilha. Precisamos uns dos outros.
Questionário
Quem constitui as autoridades?
Qual a razão do crente se submeter às autoridades?
O que pode acontecer quando a sociedade deixa de obedecer às autoridades?
Qual o princípio bíblico em relação às autoridades?
O que significa “a ninguém devais coisa alguma” (Rm 13.8)?
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